Bom dia, leitores! Tudo bem com vocês?
No artigo de hoje, falarei a
respeito da superação da perda de entes queridos, sejam humanos ou animais de
estimação com quem compartilhamos momentos especiais nas nossas vidas durante
alguns anos.
Atualmente, a morte ainda é vista
como um tabu, cercada de mistérios e de crenças, e as pessoas, frequentemente,
não se encontram preparadas para lidar com a finitude. Quando a morte ocorre de
forma trágica e repentina, tende a causar inúmeras alterações na vida de uma
pessoa, trazendo, muitas vezes, prejuízos e alterações, principalmente, nos
funcionamentos emocionais e cognitivos. Neste momento, os enlutados poderão
recorrer a um psicólogo, e este tende a priorizar o acolhimento e a escuta ao
paciente.
A
literatura específica diz que o trabalho de luto, o tempo que a maioria das
pessoas levam para lidar com a ausência do ente falecido, gira em torno de um a
dois anos. Não há
outra forma de superar o luto, que não seja vivendo esta experiência. Mas, superar
não é esquecer. Significa aceitar e continuar a viver. A superação só se dá a
partir de um longo processo e fingir que não aconteceu ou ainda não sentir dor
quando lembrar, só trará prejuízos para a pessoa.
A retomada
ao trabalho deve entrar nesse contexto como uma tarefa que auxilia a pessoa a
continuar a rotina de a sua vida, não como simples evitação da tomada da
consciência da dor. Cada um demonstra a dor a seu modo. Retomar a sua vida não
significa, necessariamente, que a pessoa já tenha superado, ma sim que ela
continua a viver. O trabalho, bem dosado é uma forma de continuar a viver.
Dentro do
contexto social, numa cultura hedonista, da busca do prazer pelo prazer, as
pessoas enlutadas são encorajadas pela sociedade e pela impaciência da nossa
cultura, a deixar para trás a experiência do luto. Como resultado, temos duas
situações: ou o enlutado vive seu processo em silêncio e solitariamente, devido
a pressão social ou força-se a abandona-lo, antes de ter completado o ciclo do
luto. Aqueles que permanecem expressando
tristeza por um determinado tempo, ou mesmo demonstram seu sofrimento através
do choro são considerados por muitas pessoas, fracos e inconvenientes.
Amigos e familiares, bem-intencionados, porém desinformados e
inconformados com esse estado de espírito, tentam fazer com que o enlutado
desenvolva autocontrole, através da sublimação da dor. Supõem que essa seja
socialmente a atitude mais adequada. A
pressão social acaba, infelizmente, por alimentar a repressão emocional do
enlutado. Para enfrentar essa pressão,
o enlutado passa a apresentar comportamentos socialmente aceitáveis que
contrariam sua necessidade psicológica.
Mascarar ou
fugir do luto causa ansiedade, confusão e depressão. Se a pessoa enlutada
receber pouco ou nenhum reconhecimento social para sua dor, poderá temer
julgamentos sociais, ou ainda, julgar que seus pensamentos e sentimentos sejam
anormais, o que nem sempre ocorre. Muitas vezes chegam pacientes com largos
sorrisos no rosto, mas profundamente deprimidos no consultório.
A depressão
é uma vilã da vida que tira o enlutado das atividades rotineiras como trabalho,
convívio social, saúde, lazer e prazer em viver. Por isso, não nos deixemos
levar para cultura hedonista pura e simplesmente. A dor é para ser vivida,
entendida e o mais importante, superada, jamais ignorada ou negligenciada.
Jung, já dizia: não há despertar da consciência sem dor. As pessoas farão de tudo, chegando ao limite do absurdo
para evitar enfrentar a sua própria alma. Mas, ninguém se torna iluminado
por imaginar figuras de luz, mas sim ao se conscientizar da escuridão.
Resta-nos,
portanto, aprender a conviver com a ausência física dos seres que tanto amamos
e tiveram que partir. Ficam guardados em fotografias e na memória, as
lembranças das vivências boas que tivemos.
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