terça-feira, 2 de junho de 2015

Superando a perda de seres queridos

 Bom dia, leitores! Tudo bem com vocês?
No artigo de hoje, falarei a respeito da superação da perda de entes queridos, sejam humanos ou animais de estimação com quem compartilhamos momentos especiais nas nossas vidas durante alguns anos.
            Atualmente, a morte ainda é vista como um tabu, cercada de mistérios e de crenças, e as pessoas, frequentemente, não se encontram preparadas para lidar com a finitude. Quando a morte ocorre de forma trágica e repentina, tende a causar inúmeras alterações na vida de uma pessoa, trazendo, muitas vezes, prejuízos e alterações, principalmente, nos funcionamentos emocionais e cognitivos. Neste momento, os enlutados poderão recorrer a um psicólogo, e este tende a priorizar o acolhimento e a escuta ao paciente.
            A literatura específica diz que o trabalho de luto, o tempo que a maioria das pessoas levam para lidar com a ausência do ente falecido, gira em torno de um a dois anos. Não há outra forma de superar o luto, que não seja vivendo esta experiência.  Mas, superar não é esquecer. Significa aceitar e continuar a viver. A superação só se dá a partir de um longo processo e fingir que não aconteceu ou ainda não sentir dor quando lembrar, só trará prejuízos para a pessoa.  
            A retomada ao trabalho deve entrar nesse contexto como uma tarefa que auxilia a pessoa a continuar a rotina de a sua vida, não como simples evitação da tomada da consciência da dor. Cada um demonstra a dor a seu modo. Retomar a sua vida não significa, necessariamente, que a pessoa já tenha superado, ma sim que ela continua a viver. O trabalho, bem dosado é uma forma de continuar a viver.
            Dentro do contexto social, numa cultura hedonista, da busca do prazer pelo prazer, as pessoas enlutadas são encorajadas pela sociedade e pela impaciência da nossa cultura, a deixar para trás a experiência do luto. Como resultado, temos duas situações: ou o enlutado vive seu processo em silêncio e solitariamente, devido a pressão social ou força-se a abandona-lo, antes de ter completado o ciclo do luto.         Aqueles que permanecem expressando tristeza por um determinado tempo, ou mesmo demonstram seu sofrimento através do choro são considerados por muitas pessoas, fracos e inconvenientes.  Amigos e familiares, bem-intencionados, porém desinformados e inconformados com esse estado de espírito, tentam fazer com que o enlutado desenvolva autocontrole, através da sublimação da dor. Supõem que essa seja socialmente a atitude mais adequada.      A pressão social acaba, infelizmente, por alimentar a repressão emocional do enlutado.    Para enfrentar essa pressão, o enlutado passa a apresentar comportamentos socialmente aceitáveis que contrariam sua necessidade psicológica.    
            Mascarar ou fugir do luto causa ansiedade, confusão e depressão. Se a pessoa enlutada receber pouco ou nenhum reconhecimento social para sua dor, poderá temer julgamentos sociais, ou ainda, julgar que seus pensamentos e sentimentos sejam anormais, o que nem sempre ocorre. Muitas vezes chegam pacientes com largos sorrisos no rosto, mas profundamente deprimidos no consultório.
            A depressão é uma vilã da vida que tira o enlutado das atividades rotineiras como trabalho, convívio social, saúde, lazer e prazer em viver. Por isso, não nos deixemos levar para cultura hedonista pura e simplesmente. A dor é para ser vivida, entendida e o mais importante, superada, jamais ignorada ou negligenciada.
            Jung, já dizia: não há despertar da consciência sem dor. As pessoas farão de tudo, chegando ao limite do absurdo para evitar enfrentar a sua própria alma.  Mas, ninguém se torna iluminado por imaginar figuras de luz, mas sim ao se conscientizar da escuridão. 

            Resta-nos, portanto, aprender a conviver com a ausência física dos seres que tanto amamos e tiveram que partir. Ficam guardados em fotografias e na memória, as lembranças das vivências boas que tivemos.

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